Dependência Química – Existe tratamento involuntário?
admin2011-07-29T17:23:14+00:00Por Suely Buriasco
Independente do motivo da morte da cantora Amy Winehouse, o fato é que ela era viciada em drogas e esse vício tem ceifado muitas vidas jovens e promissoras, anônimas, mas não menos importantes. No entanto, ao envolver uma personalidade pública e famosa, claro que a repercussão se avoluma.
O que levaria uma jovem e bonita mulher, com fama e sucesso garantidos, vida financeira tranquila, a percorrer os caminhos tortuosos dos vícios? Será que os pais poderiam ter feito algo mais efetivo no sentido de libertá-la? Difícil opinar num caso específico sem que se tenha profundo conhecimento das vidas envolvidas. Penso que Amy Winehouse deixará mais perguntas do que respostas.
De forma geral, os pais dos viciados parecem ser muito cobrados pela sociedade e até por eles mesmos. Seria possível tratar o viciado mesmo sem a aquiescência deles? Essa é uma questão complexa. Os jovens costumam rebelar-se contra as clássicas psicoterapias, mas quando usam drogas as resistências pioram e acabam criando verdadeiras batalhas em casa para não ir às consultas. Também é fato que com o agravamento do vício acabam perdendo a noção de afeto, dificultando muito o entrosamento entre pais e filhos no sentido de buscarem ajuda profissional. Muitos acreditam que tendo o viciado comprometido o seu poder de discernimento o tratamento involuntário passa a ser uma necessidade. Entretanto a questão é muito polêmica, pois, especialistas afirmam que o sucesso de qualquer tipo de tratamento para uma dependência química passa, em grande parte, pela vontade do usuário de se manter afastado da droga.
O que não deixa dúvida é que a família deve estar ao lado do usuário, pois seu apoio é fundamental, sem se submeter, entretanto, a chantagens e tampouco submetê-lo a pressões indevidas e ameaças infundadas. A firmeza e coerência de atitudes dos familiares são essenciais, mesmo não existindo uma fórmula que se possa oferecer para um usuário ou para a família.
Amy Winehouse teve várias passagens infrutíferas em clínicas de reabilitação, morreu sem conseguir se livrar do mostro que a perseguia. Ao transformarem Amy em mito, o que se espera é que seja evidenciado o seu sofrimento diante do vício que marcou sua vida e carreira. Que seja lembrada por seu indiscutível talento, mas também pela forma dolorosa que o conduziu. Afinal, que Amy seja para os fãs o exemplo do quanto os vícios são capazes de aniquilar vidas sem dó nem piedade.