A amizade entre pai e filho
admin2011-07-12T15:04:01+00:00* Por Suely Buriasco
A participação de Casagrande em um quadro no programa do Faustão comoveu o público e levantou várias reflexões. A primeira, sem dúvida, em relação à ação devastadora das drogas na vida das pessoas e de seus familiares. Mas também chamou muita atenção o conflito que o ex-jogador e comentarista esportivo da Rede Globo vive com seu filho caçula.
Symon Casagrande considera-se traído por não ter ficado sabendo antes do problema do pai e “porque o meu pai, o meu melhor amigo, fez uma coisa que ele sempre disse para eu não fazer”.
O sentimento de Symon, infelizmente, está presente na vida de muitos jovens que se afligem diante da decepção com a figura paterna. A constatação que o pai é um ser humano capaz de mentir, de errar e mesmo de tomar atitudes que dizia condenar pode ser um choque de graves consequências para a vida do jovem. A amizade pressupõe confiança, ao ver essa aliança quebrada o filho tem a sensação da traição e é então que se afasta envolto em mágoas profundas. Se nada for feito a respeito o conflito pode tomar proporções gigantescas na vida dos dois. O pai tende a desenvolver grande sentimento de culpa que o impedirá de qualquer realização satisfatória e o filho pode ter sua individualidade influenciada pelo ato que condenou, além de envolver-se também com a culpa por condenar o próprio pai. É por isso que, muitas vezes o filho, ao se tornar adulto, ou toma aversão pelo ato do pai ou acaba por repetí-lo. A situação é extremamente complicada e merece muita atenção!
Como é natural que os filhos a princípio considerem o pai como um “super-herói” é sempre recomendável que ele se mostre humano, falando e se desculpando por suas falhas. Assim, além de criar laços verdadeiros, ainda prepara o filho para o momento no qual passará a enxergá-lo como ser falível. O importante é que o pai não assuma a idealização do filho, demonstrando ser o que não é ou fazendo discursos moralistas que não condigam com o seu proceder. Pais que agem dessa forma candidatam-se ao grande sofrimento de enxergar a decepção nos olhos e nas atitudes hostis de seus filhos!
Mas diante do conflito já estabelecido como no caso que elucidamos acima, a busca de reconstruir a relação deve ser persistente e contínua. Uma conversa madura entre pai e filho na qual se abstenham das mágoas no intuito de ouvir com compreensão um ao outro, pode ser o início do caminho no sentido do entendimento. Nesse momento é recomendável ao pai abrir seu coração sem medo de demonstrar o ser humano falível que é, mas que não o impede de amar o filho com grande intensidade. Ao sentir-se amado e tratado como amigo, também o filho será impelido a desarmar a alma e expor seus sentimentos. A força do amor é capaz de romper qualquer barreira! Depois disso há que se empenhar com dedicação e carinho na busca de reaproximação, desenvolvendo o perdão diante da visão madura de que as pessoas não são como gostaríamos que fossem, mas que ainda assim vale muito à pena estar com elas.
Desenvolver e manter a amizade entre pai e filho é buscar a conquista da confiança necessária de forma que a verdade seja bilateral, a sinceridade seja a vertente e o amor seja o grande objetivo.