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Rubem Alves

5 12, 2011

Ostra feliz não faz Pérola

2011-12-05T18:09:44+00:00

*Por Suely Buriasco

Adoro ler Rubem Alves, sinto que cresço ao fazê-lo! Um dia, em meus passeios pelas livrarias na companhia de meu marido e de minha sobrinha Catarina, na época com seis anos, deparei-me com o título “Ostra feliz não faz pérola” e, claro, interessei-me. Foi então que percebi um movimento suspeito de meus acompanhantes e entendi que queriam fazer-me uma surpresa. Afastei-me propositadamente deles e, claro, ganhei o livro embrulhado para presente. Interessante que ela não se esquece do título!

A pérola não é natural na ostra, na verdade é um tipo de mutação que ocorre quando um grão de areia entra na cavidade daquele molusco. É um corpo estranho e a ostra o rejeita envolvendo-o com uma substância que se solidifica de forma lisa e arredondada que conhecemos como pérola e que é muito valiosa. Na visão do poeta esse grão de areia causa dor à ostra e ela pensa: “Preciso envolver essa areia pontiaguda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas…” Daí o título do livro.

Penso na dor que nos acomete como sendo também um corpo estranho porque acredito que a natureza humana é feliz e acho brilhante a comparação de Rubem Alves: “Pessoas felizes não sentem necessidade de criar”. Quando é que saímos da área de conforto, nos impulsionando para criar novas alternativas? Não é quando algo nos provoca, nos assusta ou causa dor? É por isso que as nossas maiores realizações acontecem quando estamos em conflito, quando precisamos superar dificuldades e criar opções diferentes. Dificilmente alguém que se sinta bem quer avançar sabendo que enfrentará desafios. Não dizem que “time que está ganhando não se mexe”? E é assim também que muitos perdem a oportunidade de crescer pessoalmente e profissionalmente, ficando estagnados.

Transformar nossas dificuldades em perolas é aproveitar da dor para conquistar ganhos muito maiores. É inovar-se; é reinventar-se! A natureza é toda mutável e assim também nós, seres humanos, podemos ser mais flexíveis e desafiadores. Usar de nossa inteligência para criar novos conceitos, formas mais dignas de viver e inspirar nossos semelhantes.

Ostra feliz não faz pérola, segundo o autor, representa as suas próprias areias pontiagudas que o machucam; “para livrar da dor, escrevi”. Mas é, sobretudo, uma doce inspiração para todos os que se sentem machucados pelas arestas da vida a encontrar a sua própria fórmula de produzir uma preciosidade a partir delas.

Além de deixar de sofrer, ainda merecerão a jóia. E o que pode ser mais valioso na vida que a superação de si mesmo?

 

 

Ostra feliz não faz Pérola2011-12-05T18:09:44+00:00
13 05, 2011

A Arte de Educar

2011-05-13T11:51:07+00:00

* Por Suely Buriasco

A mensagem de Rubem Alves sobre a arte de educar são palavras que ecoam fundo em minha alma.Muitas vezes não nos atemos à realidade de que somos responsáveis pelo que transmitirmos aos que nos são próximos, afinal, as nossas atitudes são, invariavelmente, observadas e não poucas vezes assimiladas como exemplo. Importante analisarmos, porém, que tipo de educadores estamos sendo, ou seja, o que ensinamos de vida para os que nos rodeiam.
Educar é mesmo uma arte! É transmitir o novo, é demonstrar horizontes inéditos, ou, como diz Rubem Alves; “é mostrar a vida a quem não a viu”. A educação é de certa forma, ensinar como olhar, como distinguir o que vê e, principalmente, como reagir positivamente ao que foi visto. E eu não me refiro apenas a educar crianças, vislumbro um entendimento mais amplo em que assim como todos somos educadores, também somos todos alunos. Aprendemos uns com os outros no decorrer da vida, numa grande aliança em que a aprendizagem se faz na medida em que nos ligamos a mais pessoas e aumentamos o nosso campo experimental. É preciso que compreendamos essa necessidade de nos relacionarmos para aprender, bem como a nossa capacidade de ensinar através das palavras, mas, sobretudo, através das ações.
Diz o poeta que “é através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos têm que ser educados para que nossa alegria aumente”. E o que são os adultos senão crianças que perderam o brilho no olhar? Por isso é imperioso educarmos nossos olhos para que jamais deixem de refletir o entusiasmo infantil, e, assim, educar os que nos cercam para que mais e mais pessoas enxerguem o quão feliz pode ser a vida. Sim, é preciso que provemos o poder da sensibilidade, pois, conforme o poeta “sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido”, pois “os conhecimentos nos dão meios para viver e a sabedoria nos dá razões para viver”. Cuidemos por cultivar o encantamento em nosso olhar e o assombro ingênuo da descoberta. Por mais que os anos tenham passado, ainda temos muita coisa a conhecer, experimentar e, principalmente, a ensinar.
Reflitamos com Rubem Alves: “As palavras só tem sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido”

 

 

 

 

A Arte de Educar2011-05-13T11:51:07+00:00
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