Por Suely Buriasco
Um artigo publicado no jornal The New York Times, em 2005, em que Ayelet Waldman afirma amar mais o marido do que os filhos foi o estopim do sucesso da carreira da escritora israelense, naturalizada americana. Hoje com onze livros publicados, mora com o marido e os quatro filhos na Califórnia e, nesse ano, foi convidada especial da Flip – Feira Literária de Paraty.
Em entrevista à revista Cláudia, Editora Abril, do mês de junho, Ayelet voltou a falar sobre a polêmica forma de “medir” o amor. Ela diz que tem visto muito um tipo que chamou de “maternidade histérica”, em que mulheres colocam todo o seu foco nos filhos, esquecendo de seus maridos. Segundo ela são mães que adoram dizer o tempo todo que amam seus filhos “mais do que tudo no mundo”. Na entrevista, a escritora ressalta o amor que sente por seus filhos e reafirma a paixão pelo esposo. Então ela diz: “Se nós perdermos o foco um no outro, a família também desanda”. Esta frase é de grande sabedoria!
A atração que o filho exerce na mãe é quase irresistível, isso faz parte da natureza humana, pois, o bebê necessita muito dos cuidados maternos. Mas também é certo que muitas mulheres acabam confundindo e transferindo para os filhos uma grande carga emocional. Especialistas afirmam que mães extremamente zelosas e superprotetoras podem causar grande dano na formação de seus filhos. Sem contar que, nesse apego exagerado aos filhos, muitas mães deixam de lado o seu papel de mulher e esposa. O prejuízo na vida conjugal, tanto quanto na vida pessoal e profissional é muito grande e leva muitas mulheres a cobrarem, mesmo que de forma inconsciente, afirmando: “Dou minha vida pelos meus filhos”.
Acho que muitos filhos gostariam de responder que nunca pediram isso.
Bom senso é fundamental em todas as situações, até mesmo na dedicação aos filhos. Para ser uma boa mãe, a mulher não deve prender-se a essa função ou idealizá-la com apego. Muito pelo contrário, uma mulher realizada que mantém sua vida pessoal satisfatória tem maiores chances de manter um relacionamento conjugal e familiar satisfatório. Não se discute a questão de que a missão da maternidade é de suma importância e merece todo empenho, mas não se justifica a forma como muitas mulheres relegam ao esquecimento o relacionamento conjugal.
Por isso a afirmação de Ayelet Waldman gera tanta polêmica e merece mesmo grande atenção. Não se trata de medir o amor, mas de manifestá-lo de forma saudável e equilibrada.