A visão preponderante do conflito como algo negativo, disfuncional e indesejável faz com que muitas pessoas desenvolvam verdadeira fobia ao embate. Preferem omitir-se a defender suas próprias conjecturas; mesmo discordando optam pelo silêncio.
Gosto muito da frase atribuída a Walter Lippman: “Quando todos pensam da mesma forma é porque ninguém está pensando”. Assim, nem sempre a ausência de brigas e discussões significa que tudo vai bem. É natural “cabeças pensantes” entrarem em oposição de ideias, por isso o conflito é inerente ao ser humano. Tal qual é visto na Mediação de Conflitos, é uma consequência natural e inevitável em qualquer grupo, não sendo necessariamente ruim, podendo, inclusive, ter o potencial de força positiva.
É do embate de conceitos que geralmente se criam os grandes projetos que trazem melhoria de vida para muitas pessoas e é, também, de um diálogo onde se abordem conjecturas diferentes que se chega a um consenso importante para todos os envolvidos. “Duas cabeças pensam melhor que uma”; diz o ditado popular. Ignorar a possibilidade de crescer a partir do antagonismo de ideias pode ser absolutamente frustrante e é nessa categoria que se enquadram os relacionamentos nos quais as pessoas se sentem preteridas e subjugadas.
Quando a pessoa foge aos colóquios das diferenças naturais que surgem no pensamento de cada um, opta por duas alternativas; ou faz valer apenas a sua concepção, ou se deixa levar sempre pela concepção do outro. No primeiro caso torna-se um ditador, no segundo um submisso; duas opções destrutivas para qualquer tipo de relacionamento. O resultado, na maioria das vezes, surge como uma grande surpresa, isso é, a pessoa acha que está tudo bem e, de repente, “o chão falta aos seus pés”.
Situações como essa acontecem em relacionamentos unilaterais, onde não se leva em conta os antagonismos naturais. Tristes são os relatos de pessoas que veem suas vidas desmoronar diante de inesperadas rupturas, tais como um pedido de divórcio, ou uma demissão sumária. A falha na comunicação produz esse tipo de espanto; não questionando, não opinando, não falando e não ouvindo, impossível evitar surpresas.
Isso nos leva a concluir que não é a ausência do conflito que denota um bom relacionamento em qualquer âmbito, e sim o bom gerenciamento das tensões promovidas pelas diferentes opiniões. Por tirar-nos da zona de conforto, onde as ilusões predominam, é que o conflito apresenta caráter positivo. Nesse sentido ele passa a ser uma alavanca de amadurecimento pessoal e, consequentemente, das relações.