Por Suely Buriasco
É natural no ser humano o desejo de encontrar uma companhia com quem possa dividir seus dias e essa ausência provoca uma sensação, muitas vezes, incômoda de incompletude. Acredito que essa concepção de precisar de alguém para ser feliz é que torna tantos solteiros infelizes. A carência humana é um fator determinante na construção de relações difíceis onde a dependência emocional supera o amor e a alegria de compartilhar.
Acreditar que não se pode ser feliz sem encontrar um par corresponde a grande perigo, pois, leva muitas pessoas a procurarem de forma imprópria fazer e manter relacionamentos nada saudáveis. Na era das redes sociais e sites de relacionamento, infelizmente, não faltam pessoas procurando desesperadas por um par. Nada contra a essa busca, o que é preciso que se alerte é a forma como ela é feita.
Somos seres sociais, ansiamos por amar e sermos amados, mas isso não se refere unicamente ao amor entre pares. Essa energia amorosa natural no ser humano pode ser direcionada de várias formas, expandindo-se em número maior de pessoas. Como exemplo, podemos pensar na dedicação aos familiares, amigos, profissão e atividades voluntárias em favor de uma causa pela qual se acredita. Situações em que a troca amorosa acontece, sem que haja qualquer tipo de envolvimento sexual são perfeitamente capazes de satisfazer as carências amorosas humanas, desde que, claro, haja disposição da pessoa nesse sentido.
Estar solteiro pode ser uma situação transitória, mas é importante que se desmistifique a questão do estar “encalhado” que por si só põe em declínio a autoestima. Manter-se solteiro pode ser uma opção inteligente de quem, não encontrando uma pessoa afim, prefira manter seu foco em outras coisas. Isso evitaria muitos relacionamentos construídos doentiamente, baseados em carências afetivas.
Pessoas inteiras são as que se dedicam ao autoconhecimento e trabalham a autoestima no sentido de preencher a vida de forma saudável e tranquila; independente de ter um relacionamento amoroso ou não. São pessoas que driblam a solidão mantendo-se ocupadas, cultivam bons relacionamentos de forma geral, dedicam-se a aprimorar-se como seres humanos através de boas leituras, filme e atividades saudáveis, ou seja, que se dedicam às tarefas que gostam.
Sendo assim, podemos concluir que, embora ter uma companhia seja muito bom, não é, ou não deveria ser, determinante para a autorrealização. A felicidade é um trabalho individual e contínuo, portanto, é totalmente possível ser feliz solteiro.