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Superar sofrimentos é um ato de fé

Suely Buriasco

Uma história intensa e emocionante escrita por William P. Young, que bateu recordes de venda e virou filme, “A Cabana” não decepciona quem procura uma leitura ou filme interessante.

Um pai, três filhos, uma viagem de fim de semana que se transforma em tragédia quando a caçula é raptada e são encontradas evidências de seu assassinato numa cabana abandonada. Vidas que se transformam; uma família alquebrada, um pai desolado pela culpa e inconformação! Onde estaria Deus que não poupara sua criança? Sendo Deus tão poderoso, porque não ameniza os sofrimentos? Quatro anos entregues à “Grande Tristeza”, revolta, raiva e ausência; até que um convite mudaria totalmente o rumo da vida desse pai: um final de semana com ninguém menos que Deus!  E assim a história se desenrola em várias passagens marcantes; algumas de modo mais evidente como quando Mack, o pai, vê o Espírito de Missy, a filha que se mostra sorrindo e feliz.  As surpresas são muitas!

De forma paradoxal a história propõe a quebra de vários paradigmas, mas manifesta dogmas religiosos profundamente enraizados como a Trindade, por exemplo. Quando o próprio autor cita o provérbio: “Crescer significa mudar e mudar envolve riscos, uma passagem do conhecido para o desconhecido”; percebo certa incoerência. O ser humano tende sempre a se manter no comodismo da crença que lhe foi passada pronta, não percebendo o quanto isso o mantêm preso a valores antigos que sequer são os seus, já que os têm por herança.  Entretanto, abstraindo-se as alegorias que dão um toque exagerado ou fantástico na narrativa, o que se privilegia é uma mensagem envolvente sobre vida, morte, dor, perdão, fé, amor e redenção.

A proposta de reflexão sobre o poder de Deus, a grandeza de seu amor e o sentido do sofrimento é intensa. Deus privilegiando os relacionamentos, exaltando o amor e muito particularmente a necessidade do perdão. O esclarecimento de que ao perdoar não isentamos o outro de seus erros que terão de ser expiados de qualquer forma, entretanto, nos libertamos da dor provocada pelo ódio e pela revolta. Também chama a atenção a explanação de Jesus dizendo-se não cristão, porque sua igreja não é uma instituição e abrange todos os povos e crenças. A religiosidade é tratada como uma relação Divina, enquanto que as religiões com todas as gamas de dogmas e regras servem muito mais ao humano.

Todos temos os nossos próprios sofrimentos, nossas feridas, nossas próprias “cabanas”, quando compartilhamos superações, inspiramos os outros a agir de forma a suavizar a própria vida. Penso que esse é o ponto forte de “A Cabana”. Não importa a forma, o conteúdo vale à pena!

2017-04-24T19:08:27+00:00
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