Por Suely Buriasco
O que temos visto acontecer nos últimos dias em nosso país é a manifestação de um povo cansado, no limite de seu sofrimento. Pessoas que se movimentam como há algum tempo não faziam para reivindicar seus direitos. Mas, infelizmente nem sempre da melhor forma o que tem gerado o vandalismo e a violência.
Concordo que estamos vivendo uma transformação social importante, que supera em muito a questão dos vinte centavos de acréscimo no transporte coletivo. O grande problema não se resume em meros centavos, nem mesmo ao passe livre, embora não se possa descartar que a soma faça diferença no bolso de muitos brasileiros. O fato é que podemos estar vivenciando uma nova mentalidade que começa a se formar em nosso povo. Talvez a fama de “povo pacífico”, expressão tão confundida com a aceitação de tudo, esteja se desmistificando.
Uma pessoa pacífica é aquela que quer a paz, que não gosta de violência e procura resolver as situações de forma serena; não significa que seja uma pessoa que aceita tudo sem manifestar seu desacordo. Nosso povo tem sofrido muito pelo descaso de nossos governantes! Aglomerações se fazem todos os dias nos departamentos públicos, sem efeito algum; são pessoas que buscam soluções para problemas de saúde, de educação, de segurança e tantos mais, sem qualquer resultado positivo.
“É muito mais do que 20 centavos” tem sido o comentário que parece virar lema do movimento, pois que seja mesmo assim e que o Brasil acorde para as reais necessidades de seu povo. Mas há que se ter cuidado e somar um segundo lema: “não ao vandalismo, não a violência”. Precisamos nos fazer ouvir e que nossa voz se faça de forma a não perdermos a razão, afinal somos um povo pacífico e precisamos agir com coerência.
Acredito que a mobilização que presenciamos se refira a um grande grito de: “queremos mudanças; rebelamos-nos contra a realidade que querem nos impor”. Sendo assim, nada mais nos resta do que apoiar esse movimento legítimo e esperar que os governantes façam o mesmo e percebam que talvez as coisas tenham chegado aos seus limites e os brasileiros realmente tenha cansado da brincadeira pela qual “tudo acaba em pizza”.