* Por Suely Buriasco
A perda de um ente querido é sempre muito triste e perturbadora, por mais que saibamos que a morte é extensão da vida, nunca estamos preparados para ela.
Quando tragédias como a que se abateu em Santa Maria no Rio Grande do Sul, impõem-nos a morte ao pensamento, percebemos que fugir desse assunto, além de não nos afastar dele, ainda pode ter graves consequências. Por que pensar na morte se a vida está ai para ser vivida? “Uma balada é um negócio vantajoso, quanto mais clientes melhor; não há porque ser tão rígidos com a segurança, não vai acontecer nada”. Esse pode ter sido o pensamento dos donos da balada que marcou a vida de tantas pessoas. Mas e nós, quantas vezes negligenciamos a própria segurança e a dos que nos rodeiam por não querer pensar nos perigos, pensando algo do tipo “isso não acontece comigo ou com a minha família”?
Não se trata de viver com medo, longe disso, falo em viver com segurança. Falo em exigir que haja garantia nos lugares que frequentamos, falo em ensinar nossos jovens a necessidade de tomar atenção nisso. Tenho assistido depoimentos de autoridades indignadas com as falhas na segurança da dita balada; será que essas pessoas estão exercendo o seu poder de exigir ou fiscalizar a segurança? Ou apenas apontam o dedo, sem olhar ao seu redor? Será que avaliamos bem esse quesito quando elegemos alguém para qualquer cargo político? Isso é cidadania, será que sabemos exercê-la plenamente? A brusca tragédia nos enche de questionamentos, claro jamais poderíamos esperar que a alegria de tantos jovens acabasse desse jeito. Mesmo não sendo a primeira vez que acontece, mesmo tendo exemplos pelo mundo todo. Todos temos familiares queridos que frequentam baladas, bares, restaurantes, igrejas, ou seja, lugares públicos onde muitas pessoas se aglomeram. Nós mesmos fazemos isso e, muitas vezes nem nos lembramos de observar a segurança do lugar. Mas a tragédia de Santa Maria esta gritando ao mundo que isso pode sim acontecer a qualquer um! Exigir segurança é muito mais que um direito nosso; é um dever de todos para com todos. Não sei se podemos chamar essa tragédia de fatalidade; desígnios há que respeito por não ter compreensão plena; mas tenho convicção que a morte jamais acontece por acaso ou em vão. Creio numa força superior que opera a vida e a morte, mas também que existe a parcela humana e que tragédias assim devem servir, no mínimo, como aprendizado a favor de todos.
Não falar, não considerar ou fugir dos perigos de morte pode ser o que há de mais perigoso na vida. Um assunto tão natural deve, a meu ver, ser discutido no sentido de buscarmos a aceitação do que nada puder ser feito e inspirar ação naquilo que está em nossas alçadas realizar. Todos nós morremos um pouco com aqueles jovens, aqueles pais e familiares; somos um pouco eles, porque fazemos parte da família humana. O aprendizado é para todos!