Por Suely Buriasco
De acordo com IBGE, nos últimos doze anos o total de casais sem filhos aumentou cerca de 50% no Brasil e esse parece ser um fenômeno mundial, principalmente quando ambos os cônjuges trabalham fora. Esse assunto merece reflexões profundas, afinal o preconceito e a estigmatização social pela opção voluntária de não ter filhos é ainda muito grande.
Durante muito tempo considerou-se que a realização feminina estava condicionada à maternidade, mas com o desenvolvimento sexual feminino que propiciou às mulheres o direito ao controle da procriação e ao prazer sexual, esse conceito tem sido alterado. Também a busca de capacitação para o mercado profissional abriu a possibilidade de diferentes formas de satisfação feminina.
Assim, com o horizonte ampliado muitas mulheres acabam se realizando em áreas diferentes da maternidade e muitos casais relatam viver muito bem sem filhos e se sentirem realizados com esse modelo familiar. Nesse sentido vale lembrar que se a ausência de filhos pode facilitar a manutenção da harmonia do casal já que diminuiria, pelo menos teoricamente, as áreas de conflito, também pode significar o sentimento de vazio na relação. É uma questão de grande subjetividade e, assim, particular de cada um.
Na vida a dois o respeito é um grande pilar e a busca de estabelecer uma conexão segura entre os sentimentos pessoais é um desafio importante. Não se pode banalizar uma decisão desse porte; adiar não é um caminho sábio. Muitas uniões se desfazem por falta de entendimento dos sentimentos de um e de outro, portanto, o caminho para a realização do casal inicia-se a partir da compreensão mútua.
Ter ou não filhos deve ser uma opção madura e, dessa forma, jamais pode ser encarada como uma obrigação do casamento. Mas é fundamental que haja um consenso entre os cônjuges e para tanto muitas situações e sentimentos precisam ser conversados e avaliados pelo par. É imprescindível que o casal esteja seguro para decidir, evitando arrependimentos tardios.