Por Suely Buriasco
Tudo na natureza é mutável, nada há que se perpetue e frações de segundos são suficientes para que muitas transformações ocorram. Um rio corre na mesma direção por muitos anos, séculos até; mas as águas, os animais, a vegetação e as margens se renovam continuamente.
Entretanto, o ser humano, embora pertença à natureza, apresenta grandes dificuldades em relação às mudanças e demora a se adequar a elas. O fato é que a adaptação ao novo exige alterações significativas na forma de ser e encarar as situações. Mas a insegurança profunda nos impede de sair de nossa zona de conforto, mesmo que esta represente sofrimento.
Basicamente podemos citar dois componentes que nos são essenciais e movem a nossa vontade: a razão e a emoção. A razão nos impulsiona a vontade de agirmos conforme entendemos ser o melhor, isso é segundo nossos valores pessoais e adquiridos socialmente. As emoções são subjetivas e estão associadas ao nosso temperamento; assim podem ser positivas ou negativas; construtivas ou destrutivas. A razão nos direciona, mas é a emoção que nos move.
Infelizmente, envolvidos em emoções aflitivas como medo, mágoa ou raiva acabamos não seguindo o que a razão nos aponta e, obviamente, arrependemo-nos depois. Um exemplo típico é a necessidade de perdoar uma ofensa, pela razão sabemos que podemos nos livrar da dor que ela nos imputa, mas as emoções da mágoa, muitas vezes fazem com que vivenciemos aquilo por muito tempo. Assim, perdoar exige uma mudança interior que nem sempre aceitamos, o resultado é que prolongamos nosso sofrimento.
Lidar com as próprias emoções negativas é, pois, um grande ganho; mas, para tanto é preciso que aceitemos mudar, crescer, soltar as algemas do medo. Transformar a própria vida é aceitar que está em nossas mãos realizarmos o melhor por nós mesmos e, consequentemente, para os outros. Evoluir exige mudanças intensas e fazer a diferença no mundo é aceitar as oportunidades de rever os próprios conceitos, lidando assertivamente com as nossas emoções. Enquanto não apostarmos em nossas próprias potencialidades continuaremos a experimentar a frustração e o arrependimento.
Vivemos, mais uma vez, um período de mudança em nosso calendário; outro ano se inicia. E então, esse será realmente um novo ano para você?