O que é fácil, nem sempre é solução
Por Suely Buriasco
Lendo sobre uma pesquisa publicada no site “O Globo” onde pesquisadores falam de uma pílula contra a obesidade, que poderia substituir o exercício da esteira, fiquei pensando no quanto as facilidades atraem. Eu, pessoalmente, a princípio, adoraria a pílula, já que não faço parte do grupo de amantes da aeróbica. Isso me fez lembrar um desenho animado, muito comum na minha infância: “Os Jetsons”; será que as pílulas da ficção entrarão para o mundo real?
O fato é que, coisas desse tipo, que a principio parece ser a solução para as nossas dificuldades, podem modificar o nosso comportamento cotidiano, nos deixando mais acomodados, esperando que tudo caia do céu, ou seja, que as coisas se resolvam sem o nosso esforço. Nada contra novas invenções da ciência para facilitar a nossa vida, muito pelo contrário, minhas reflexões são no sentido da importância de saber administrar essas inovações. Seria possível, por exemplo, uma pílula substituir o bem estar de uma vida saudável? No entanto, acredito que muitos prefeririam essa acomodação, tomando a tal pílula, mesmo que não fosse indicado para o seu caso.
Faço aqui uma correlação, talvez esteja viajando mentalmente, mas assim como uma pílula pode substituir os exercícios, também o celular de alguma forma, não tem substituído os encontros? As interações não têm sido muito mais intensas nas redes sociais? A internet não estaria tornando nossas relações mais virtuais? Quantas vezes usamos o celular para nos comunicarmos por escrito com os amigos e nos esquecemos de uma ligação para ouvirmos a voz ou um encontro pessoalmente?
Inovações são importantes, mas o que determinará se representam um bem ou não é a maneira como são usadas. É preciso que estejamos preparados para não ficarmos reféns de “facilidades”, deixando de agir de forma a provocar alegria nas próprias realizações. Corremos um risco muito grande de nos afastarmos das coisas simples que nos completam, nos provocam satisfação e de, assim, nos sentirmos sozinhos e frustrados.
Acredito que vale à pena ponderar sobre como agimos diante das facilidades que nos são oferecidas, pois, nem sempre elas representam as melhores soluções. Saber encontrar a harmonia entre as inovações da modernidade e o próprio comportamento na vida é, talvez, um dos maiores desafios de nossa época.