É preciso mais do que se importar
admin2017-05-02T19:30:56+00:00Tenho visto muitas críticas em relação a série “13 Reasons Why” ou “Os 13 Porquês”, muitas pessoas estão encarando o filme, originário do livro homônimo do escritor Jay Asher, como incentivador do suicídio entre os adolescentes. Em tempo em que jogos macabros como o “desafio da Baleia Azul” também ganham destaque, o tema é mesmo de arrepiar.
O fato é que muitos pais e educadores estão perdendo oportunidades incríveis de se aproximar de seus jovens através do diálogo sobre o tema. Muitos preferem horrorizar os filhos na ilusão de que, apenas por isso, eles se mantenham longe “desses horrores”. Mas vamos combinar que ninguém mais acredita que pode afastar adolescentes de algo apenas orientando-os a isso, certo? Vivemos num mundo onde a informação se multiplica em décimos de segundos e nada segura a curiosidade de um jovem.
Com certeza muitos adolescentes estão se identificando com as situações apresentadas na série e isso é, realmente, preocupante. Alguns temas de difícil trato são abordados no seriado, como o bullying, ausência dos pais, abusos sexuais, emocionais e de toda ordem. São questionados também os papéis da família, amigos e escola. No entanto, não é deixando de assistir a série ou até mesmo se afastando desses desafios trágicos que estamos protegendo os nossos jovens. O fato é que aqueles que se identificam, na verdade, sentem semelhanças com a própria vida e seus pensamentos. Esse é o grande perigo!
No meu trabalho comprovo todos os dias o quanto as pessoas se amam, se importam, mas não se entendem. Há medida em que os canais da comunicação são desbloqueados a surpresa aumenta. Verdadeiramente, ninguém sabe o que se passa na mente do outro sem perguntar, escutar e manter um diálogo empático.
Por isso convido pais, educadores e responsáveis a assistirem séries como essa, de preferência junto com seus filhos. Tragam temas como a “Baleia Azul” para a conversa familiar. Escutem seus adolescentes, perguntem sobre suas opiniões, observem suas reações e então analisem o que eles realmente necessitam ouvir e sentir de vocês. Essa aproximação, certamente, terá consequências muito saudáveis, podendo ser o diferencial de vida para esses jovens.
Mais positivo do que ignorar ou condenar os temas propostos é aproveitá-los para abrir o diálogo e produzir maior compreensão e aproximação familiar. Além das nossas próprias verdades precisamos enxergar as dos outros, considerando as suas importâncias. Mais do que nos importar é preciso olhar com empatia para os nossos jovens e para todos os que nos rodeiam. Muitas vezes as pessoas estão pedindo socorro de uma maneira que não entendemos e pode ser tarde demais quando percebemos.
Vamos abrir o jogo com os nossos jovens e nos desafiar a compreendê-los e orientá-los em suas reais necessidades. Está valendo!
Suely Buriasco
Coaching e Mediação de Conflitos
www.suelyburiasco.com.br